A verdadeira bola
Fica difícil não falarmos de futebol próximo ao evento internacional mais discutido do Brasil. A contradição de realizar um evento tão emblemático e de alto custo num país onde as mazelas sociais são agravadas pela ausência de atitude do poder público, gerou diversas manifestações e um debate que ainda se estenderá.
Entretanto, mesmo diante dessa situação, não se pode permitir que a "magia" essencial do futebol caia em desuso e seja atrelado a má administração política nacional. O jogo é um dos mais nobres amigos do homem.
Podemos ilustrar isso com os espetaculares registros do fotógrafo Caio Vilela, em seu trabalho Futebol-Arte.
Nascido em São Paulo pouco antes da Copa de 1970, Caio Vilela é fotógrafo e jornalista colaborador de diversos veículos de mídia no Brasil e no exterior.
Produziu reportagens em mais de 90 países em todos os continentes, inclusive na Antártida, para a Folha de S.Paulo, Rolling Stone, Playboy, Elle, TAM nas Nuvens, Superinteressante, Viagem & Turismo, Horizonte Geográfico, Vida Simples, Jornal da Tarde (extinto) e outras publicações.
Graduado em Geografia pela USP, iniciou carreira como guia de ecoturismo conduzindo grupos de estudantes e turistas no Pantanal, Amazônia, Rio de Janeiro, Ilha do Cardoso, Parati, PETAR, cidades históricas de Minas Gerais e em roteiros internacionais nos EUA, Espanha, Peru, Argentina, África do Sul e Nepal.
O livro “Futebol Arte, do Oiapoque ao Chuí” é fruto de um projeto maior chamado “Futebol Sem Fronteiras”.
Com três livros publicados e exposições no Brasil e no exterior, o projeto idealizado por Caio Vilela em 2004 hoje conta com um acervo de imagens produzidas em 53 países e nos 27 estados brasileiros.
Tudo começou em uma tarde de sol em Yazd, no Irã. Uma molecada jogando bola em frente ao maior monumento arquitetônico da cidade atraiu a atenção do fotógrafo, interrompendo um lanche. O sanduíche foi posto de lado para empunhar a câmera. Displicentemente enquadrada e batida sem grandes objetivos, a foto mostra um momento feliz de um grupo de crianças disputando a bola, com uma bela fachada do complexo Amir Chakhmaq por detrás.
A imagem inspirou a ideia central do projeto: registrar o futebol jogado nas ruas e a paixão pela bola fora dos estádios.
Ao longo dos cinco anos seguintes, o jornalista e fotógrafo, acostumado a viver na estrada produzindo pautas para revistas e jornais, aproveitou as viagens a trabalho para ficar de olho nas peladas encontradas pelo caminho, e claro, fotografá-las.
Os anos que se seguiram renderam material para o primeiro livro, intitulado Futebol Sem Fronteiras ( Panda Books, 2009) com fotos e curiosidades sobre o futebol de rua em 26 países de todos os continentes.
Logo no mesmo ano, a exposição “Ora Bolas!” inaugurada no Museu do Futebol de São Paulo, deu início a uma nova etapa na vida do projeto: viagens patrocinadas com roteiros planejados exclusivamente para fotografar o futebol nas ruas. Em um tour comissionados pelo Comité Qatar Bidding Nation 2022, o fotógrafo viajou por 14 países árabes para produzir o material exibido na exposição Kora Al Arabia, em maio de 2010 no Doha Sports Center, como fotos de futebol de rua no mundo árabe. Logo depois, o Ministério da Relações Internacionais patrocinou e viabilizou suporte local para uma visita ao Paquistão e a seis países do Oeste Africano, e organizou a exposição Football Without Borders, articulada pelo Embaixador Brasileiro Alfredo Leoni na Embaixada do Brasil em Islamabad.
Seguiram exposições no Morumbi Shopping, Metrô de Porto Alegre, e a atual “A Bola é Um Mundo”, atualmente itinerando por unidades do SESC São Paulo. O ano de 2011 foi marcado pelo apoio da Nike ao projeto, viabilizando as viagens aos 27 estados brasileiros entre janeiro e setembro de 2012, período em que o fotógrafo produziu as fotos do livro Futebol-Arte, do Oiapoque ao Chuí ( Grão Editora, 2013).
Mas isso é apenas o começo. O futuro do projeto é seguir aumentando o acervo e produzindo livros, exposições e catálogo com fotos cada vez mais elaboradas e inéditas.
A meta agora é conseguir apoio para realizar mais quatro grandes viagens de baixo orçamento: Ásia Central, Europa, América Central e América do Sul.
Futebol Arte - As imagens reunidas neste livro de arte são resultado de viagens do fotógrafo Caio Vilela pelos 27 Estados do Brasil – suas capitais, seus cartões-postais e seus rincões distantes e pouco conhecidos. O livro apresenta um rico mosaico do futebol de rua, a pelada – uma arte popular e desregrada –, e a beleza de cada jogo, jogador ou jogada. Faz ainda um recorte humano do esporte, em que convivem a emoção de estar junto, o entusiasmo da vitória e, por vezes, a solidão do campo vazio e da bola furada. O prefácio é de Zico e o texto de Eduardo Petta.
Por que Pelada? Que o brasileiro ama brincar de bola e o faz com alegria sem igual todo mundo sabe. Mas por qual razão popularizou-se em nossa cultura a palavra pelada? Segundo o professor de português Ari Riboldi, há pelo menos três versões para o caso. A primeira diz que viria da palavra pé, por ser jogada, primordialmente, descalça. A segunda, do verbo pelar, pois era comum a antiga bola de borracha, literalmente, pelar os pés, deixando-os vermelhos e ardidos. A mais aceita, no entanto, é a dos campos carecas, pelados ou com ralas gramas, em que o jogo é praticado, em oposto aos tapetes verdes do futebol profissional. No aspecto etimológico, o mais provável é que a palavra seja um derivado de pila, bola em latim, que originou termos como pelota, sinônimo de bola de futebol.
Outras imagens estão disponíveis no site do fotógrafo: www.artefutebol.com.br
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